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DECOLONIAL

estudos para retirada 

link para experimentos do trabalho: https://www.youtube.com/watch?v=qN8dlhr8aek&t=146s

000. A luz negra como outra possibilidade de ler o mundo como conhecemos, um conhecimento que demanda outras ferramentas para ser apreendido. Trazer esse pensamento nos tempos de hoje é um exercício de experimentação sobre o fazer futuro e o mundo, implicada nos rastros para a ancestralidade.

 

200. Esse projeto inicia no interesse em investigar o silêncio. Em investigar as origens do meu próprio silêncio. Difícil precisar o momento inicial em que a pesquisa começa, mas houve o dia em que escrevi um texto, imprimi-o em um papel muito pequeno e o coloquei dentro de uma caixa de fósforos. O texto começava com “Tinha uma mulher aqui. Ela desapareceu. Ela estava aqui. Ela era negra. Ela desapareceu”. Ao lado do texto, dentro da caixa de fósforo, um único fósforo. Que poderia ser aceso pra queimar aquelas palavras e a história daquela mulher. Um único fósforo que bastaria.

 

201. Esse texto tornou-se uma cena, dentro de Terra Tu Pátria, espetáculo que atuei por dois anos. E foi ali que, concretamente, comecei a investigar a minha relação com a ausência, o silêncio, a voz, o apagamento, o trauma e suas relações com a negritude - a partir da minha própria trajetória como mulher negra.

 

001, “[...] a voz é uma subversão ou uma ruptura da clausura do corpo. Mas ela atravessa o limite do corpo sem rompê-lo” Paul Zumthor em Performance, Recepção e Leitura.

 

202. Na cena, eu utilizava o procedimento do Loop, um efeito que permite que sons e palavras sejam repetidos à exaustão. Naquele momento eu queria investigar como desarticular o silêncio através da repetição exaustiva de um mesmo módulo textual. Será que aquilo permitia com o que eu não virasse silêncio? Se eu repetisse algo muitas vezes, as pessoas me ouviriam? Se a minha voz atravessasse o espaço-tempo em looping contínuo, ainda que na ausência do meu próprio corpo, eu poderia permanecer? Esses eram meus questionamentos na época.

 

002. (… pois quase sempre estivemos só…)

 

203. Dois anos depois do experimento que nasceu com os fósforos e atravessou o tempo com a minha voz ecoando em looping por espaços teatrais, iniciei uma outra pesquisa. Dessa vez, resolvi assumir a solitude da minha busca e entendi que seria necessário adentrar ainda mais o terreno difícil da criação autoral e procedimental, radicalizando a busca pela RECUSA AO SILÊNCIO, que virou um solo.

 

003. “o que mais me trouxe arrependimento foram os meus silêncios. Do que é que eu tinha medo? Eu temia que questionar ou me manifestar de acordo com as minhas crenças resultasse em dor ou morte. Mas todas somos feridas de tantas maneiras, o tempo todo[...] Meus silêncios não me protegeram. Seu silêncio não vai proteger você.”. Audre Lorde em Irmã Outsider.

 

204. Iniciei os estudos para retirada de máscaras de silenciamento como um processo radical de pesquisa e criação, a partir do conceito de Performing Knowledge, da artista multidisciplinar Grada Kilomba. A ideia de que um processo de estudo e pesquisa já é uma transcriação que articula prática poética e elaboração de conhecimento expandiu meu imaginário. A partir dessa ideia, iniciei OS ESTUDOS PARA RETIRADA como um processo aberto em que o próprio caminho de pesquisa já seria uma performance em si, através de múltiplos materias. A cada conceito que adentro, elaboro criações: pequenas vídeo-performances, objetos poéticos, experimentos vocais e textuais, entre outros meios. O material vai sendo compartilhado de forma pública, como uma pesquisa aberta.

 

205. O presente projeto de residência tem como finalidade desenvolver de forma intensiva a continuação dos estudos para retirada.

 © 2020 por Maíra do Nascimento. Orgulhosamente criado com Wix.com

Maíra do Nascimento Ltda. - CPF/CNPJ:33.145.611/0001 - São Paulo, SP - mairadonascimentocontato@gmail.com - Telefone: (11) 986554011

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